Universidade Federal da Paraíba
Centro de Ciências
Aplicadas e Educação
Departamento de
Ciências Exatas
Disciplina: Avaliação
de aprendizagem
Aluno: José Sharlles
Guedes da Silva
Uma polêmica em
relação ao exame
O exame se
converteu num instrumento no qual se deposita a esperança de melhorar a
educação. O exame
é um efeito das concepções sobre a aprendizagem, não o motor que transforma o
ensino.
Um dos pontos onde a política educativa adquire
concretude é o problema do exame. Esta política educativa de corte neoliberal
transforma completamente os postulados educativos. Esta se expressou em
projetos de modernização da Universidade e de reforma educativa. A partir da
instauração de uma política educativa de corte neoliberal buscam-se
justificativas “acadêmicas” que permitam fundamentar a restrição do ingresso à
educação. O papel do exame é legalizar a restrição à educação. O exame é o
instrumento a partir do qual se reconhece administrativamente um conhecimento,
mas igualmente reconhece que o exame não indica realmente qual é o saber de um
sujeito. É natural que tanto estudiosos como qualquer pessoa, pense que depois
de uma aula os estudantes devem ser examinados para valorar se adquiriram o
conhecimento apresentado. O exame é um problema marcado pelas questões sociais,
sobretudo aquelas que não pode resolver. Assim, o exame é na realidade um
espaço de convergência de inúmeros problemas. O exame é só um instrumento que
não pode por si mesmo resolver os problemas gerados em outras instâncias
sociais, ele não pode resolver uma infinidade de problemas que se condensam
nele.
O exame é um espaço onde se realizam muitas
inversões das relações sociais e das pedagógicas. Uma inversão converte os
problemas sociais em pedagógicos; outra que converte os problemas metodológicos
em problemas só de exame, e uma última que reduz os problemas teóricos da
educação ao âmbito técnico da avaliação. Primeira
inversão; Problemas sociais em problemas técnicos: uma das funções
atribuídas ao exame é determinar se um sujeito pode ser promovido de uma série
para a outra. Os problemas de ordem social são transladados a problemas de
ordem técnica. Esta inversão de relações sociais em problemas de ordem técnica
converte a questão do exame numa dimensão cientificista. Segunda inversão; De problemas metodológicos a problemas de rendimento:
O exame realiza uma inversão entre problemas de método e os de rendimento.
Através do exame não se decide nem a promoção do estudante nem sua nota. Com o
aparecimento das novas funções do exame: certificar e promover, quando existe
uma dificuldade de aprendizagem, os professores e as instituições aplicam
exames. A partir de toda esta situação se estruturou a pedagogia do exame. Uma
pedagogia articulada em função de certificação, descuidando notoriamente dos problemas
de formação, processos cognitivos e aprendizagem. Terceira inversão: O exame como um problema(de controle) científico no
século XX. Em direção ao empobrecimento do debate educativo: A pedagogia
deixará de referir-se ao termo exame, o substituirá por teste (que
aparentemente é mais cientifico), e posteriormente por avaliação. O teste foi
considerado como um instrumento científico, válido e objetivo que poderia
determinar uma infinidade de fatores psicológicos de um indivíduo.
Paulatinamente foi sendo abandonado o conceito exame, substituído pelo termo
prova objetiva. Mas a promessa continuou sendo a mesma. O debate em relação ao
exame se transformou profundamente a partir do desenvolvimento da teoria do
teste.
Alguns especialistas chegaram a propor o termo
exame departamental, que tem os seguintes objetivos: “Mede igualmente a todos
os alunos em forma objetiva. A preocupação desta visão instrumental da
pedagogia é só como melhorar tecnicamente o exame, como identificar fórmulas
estatísticas que transitam do paramétrico ao não paramétrico.
Falou-se do exame como instrumento que realiza
inversões de problemas sociais e pedagógicos e de métodos a exame. Porém
precisamente todas estas inversões traem a função que se pretende designar a
este instrumento. No contexto do exame não há saída para os problemas educativos. De modo
contundente, podemos afirmar que não é o exame o problema central da educação.
O exame é apenas um espaço de conflitos entre
problemas de diversas índoles. Por tanto, os diversos problemas que enfrentam o
sistema educacional devem ser analisados a partir de uma configuração de suas
características implícitas. Precisamos reconhecer que não é factível aplicar as
mesmas soluções para os diversos níveis do sistema educativo, nem para a transmissão
das diversas disciplinas. É preciso considerar que os problemas da sala de aula
e concretamente os metodológicos, não se resolverão tornando mais rigoroso o
sistema de exames. O exame converte a informação em um decálogo que se deverá
recitar, e a nota sancionará se foi respondido o que o professor esperava como
resposta correta. A atribuição de uma nota é um problema da instituição
educativa e da sociedade; não é uma questão intrínseca da pedagogia. O problema
da objetividade está por uma parte, na dimensão de sujeitos que caracteriza
professores e alunos; e pela outra, em que não há forma de que tal nota reflita
uma qualidade. Podemos concluir que a pedagogia, ao preocupar-se tecnicamente
com os exames e notas, caiu numa armadilha que a impede de perceber e estudar
os grandes problemas da educação.
Contudo não é o exame que vai mudar a dificuldade
que os alunos possuem, e não é ele o problema da educação. Não é ele quem vai
dizer se um aluno é capaz ou não de alguma função.
Bibliografia:
Barriga, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame. In ESTEBAN, Maria Teresa
(Org.). Avaliação: uma prática em busca de novos sentidos. 5. Ed. Rio de
Janeiro: DP&A, 2003, p. 51-82.
Nesta atividade para ser entregue na aula do dia 22/10/2014, fizemos uma síntese reflexiva do texto de BARRIGA, Angel Diaz. Uma polêmica em relação ao exame.
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